Quando minha filha Alice era pequena e me perguntava o que era música, eu respondia simplesmente que era o "la, la, lá". Então, toda vez que ela via alguma figura musical, apontava com o dedinho e dizia alegremente "la, la, lá, papai" !
Mais tarde, quando ela fez 10 anos, quis aprender a tocar violão comigo. Aí pensei em como ensinar o instrumento de forma simples e ao mesmo tempo relevante. E foi então que nasceu este material, que de início era apenas a introdução musical de uma menina.
Eu gostei muito do resultado e quis dividi-lo com outras pessoas. A cada aula que me pedia, dava para ver a alegria em seus olhos. Aquilo me contagiava e eram bons momentos de vivência musical entre pai e filha.
Procurei organizar o conteúdo da forma mais simples possível, com o suficiente para que ela pudesse acompanhar as lições de violão, num aprendizado baseado em partituras.
No total, são 16 liçães com a mesma estrutura cada uma delas: elementos de Ritmo e elementos de Som, com um módulo intermediário ligando os dois pólos, constituído de melodias representadas por letras, herança do sistema "Sol-fa". Essas 3 divisões aparecem com o nome de "Ta, ta, tá", "Nota por letra", e "Nota na Pauta".
Antes de cada lição, são sugeridos exercícios de entonação ou explicações sobre novos elementos musicais que por ventura apareçam.
Na primeira parte, trabalhamos a pulsação e noção de compasso com figuras brancas e pretas, juntamente com o pentacórdio dó-sol.
Na segunda parte, trabalhamos a escala diatônica maior, pois a usaremos como elemento global em todas as liçães.
Na terceira parte, serão usados sinais de repetição, tais como o ritornello e as casas de primeira e segunda vez, juntamente com as entradas em anacruse.
Na quarta parte, apresentamos trechos de músicas do folclore infantil, sem títulos, como forma de utilização do conteúdo apresentado.
Eu não inventei nada disso: s&aatilde;o apenas ideias inspiradas em grandes mestres da educação musical, dentre eles Zoltán Kodaly, Jaques-Dalcroze, Edgar Williems e tantos outros. No presente, podemos avançar no conhecimento sem nos desvincular dos fundamentos e das escolas do passado, seguindo em frente "sobre ombros de gigantes".
A meta principal é familiarizar a criança com a sonoridade da escala maior, com os conceitos de pulsação, com os 3 tipos básicos de compasso e com as figuras musicais, indo somente até as colcheias.
Evitamos demasiada preocupação com teorias e nomes de tudo, privilegiando a música viva praticada espontaneamente.
Lembro que deixava sempre um computador ligado por perto para procurarmos na internet assuntos teóricos inevitáveis. Isso tornava a aula mais dinâmica e atraente, por ser um mundo com o qual o jovem está familiarizado.
Para finalizar, destacamos o papel fundamental do professor, a quem recomendamos trabalhar os elementos musicais de cada lição antes das aulas, de forma a preparar o aluno para a vivência musical.
Também são recomendados exercícios de respiraçães com as mãos na barriga, para ajudar a focar a mente da criança no universo da música.
Espero que seja útil a professores de instrumentos em geral, servindo como introdução para crianças, jovens e adultos envolvidos com a linda arte de solfejar.
Que possa trazer a todos os leitores a alegria que eu e minha filha sentíamos em nossas tardes musicais. Alegria de criança e alegria de adulto. Genuínas Alegrias que nasciam e emanavam dos olhos da minha menina Alice.
La, la, lá !
Setembro de 2019.
É normal que todo ser humano possa ler e escrever música com prazer... - Edgar Willems.