Jacob Lopes Músico
"Espirito Santo"
Eu nasci no estado do Espirito Santo, numa cidade pequena chamada Mimoso do Sul, no ano de 1964. Mas isto é o que consta nos documentos, porque, na verdade, o local era Rancho Alegre ou Dona América. Porém, ambas não constam no mapa. A única coisa que eu sei sobre esses lugarejos é que, lá, passava trem. Sou o penúltimo filho de uma família de oito filhos. Meus pais eram do interior, lavoura de café, extração de madeira, cultivo de animais e caça para sobreviver. Me lembro de minha maior alegria: quando meu pai chegava de longas caçadas, cheio de novidades do mato. Entre as caças, trazia palmito e coco do mato. Era uma festa.
"Rio de Janeiro"
Depois, veio a cidade grande. Ah, o Rio de Janeiro. A família quase toda. Foi pedreira. A princípio, eu só tinha 7 anos, mas, depois, tome trabalhar. Primeiro, farmácia, dos 12 aos 18 anos. Depois, trabalhar em banco. Banco Nacional. Estudei e me tornei programador de computadores aos 21 anos. Isso graças à ajuda da família Torquilho, que financiou meus estudos. Obrigado, Dona Arlete e Helena de Souza Torquilho. Família abençoada e bondosa, que despertaram a confiança em mim e me mostraram o amor ao próximo na prática. Sou muito grato a essa família.
"Primeiro Violão"
Logo cedo, aos 13 anos, comprei meu primeiro violão e nunca mais larguei a música. Aprendi os primeiros acordes sozinho, com as revistas de jornaleiro. Era aquela alegria esperar o mês inteiro para chegar um novo exemplar na banca para tirar as músicas dos ídolos da época, que não eram poucos. Alceu Valença, Zé Ramalho, Fagner, Belchior, Djavan, Milton e Chico Buarque, Kid Abelha... Quanta gente boa...
"Professores"
Não posso dizer que sou autodidata. Nem acho que seja uma boa ideia. Minha formação musical foi na base do estilo da época. O caminho era traçado com os professores particulares e escolas livres. Estudei teoria musical com uma renomada professora que dava aula em sua residência na Ladeira da Glória, no Catete, Dona Carolina. Ela me apresentou logo meu primeiro professor de violão, meu querido professor Sérgio Pinna, que logo foi me dizendo: agora você vai aprender "violão de verdade". Me apresentou ao choro nas tardes de sábado no Leblon. Ele cumpriu a promessa, a coisa da música de verdade. Estudei também com o professor Nicanor Teixeira, grande violonista e compositor. Ele era uma figura, muito divertido. Além de boa música, me apresentou os métodos do Abel Carlevaro. Inesquecível.
"Harmonia"
Comecei a gostar disso. E, por recomendação dos meus professores, fui estudar harmonia numa escola de música em Copacabana, no Rio de Janeiro. Pioneira e considerada a Berklee e o MIT brasileiro! A Musiarte - Centro Integrado de Música - foi uma escola de música fundada pelos músicos Oren Perlin e Isidoro Kutno, ambos de nome e renome no cenário musical nacional e internacional, tendo sido formados no Musician Institute de Hollywood/California e em Berklee College of Music, de Boston. A Musiarte foi pioneira em sua proposta. Nessa escola, tive a oportunidade de estudar com ótimos professores, que, além de música, me ensinavam que gente jovem pode fazer coisas grandes e legais. Harmonia foi com o próprio Oren Perlin. Percepção, com Marisa Gandelmam e Cleo Boachat, que tenho a honra de sermos amigos até hoje.
"Song Books do Almir Chediak"
Como uma coisa puxa outra, a Marisa me apresentou para um cara que era um grande inovador na época: Almir Chediak. O Almir trouxe os "Song Book" para o Brasil. Ele tinha um batalhão de músicos trabalhando pra ele. Era um grande produtor musical. No meu caso, foi porque eu conhecia música e informática. Comecei a fazer a editoração eletrônica de alguns livros. Fiz uma parte do Song Book de Noel Rosa e Gilberto Gil. Mas, meu maior trabalho na Editora Lumiar do Sr. Almir Chediak foram os livros do Método Prince de percepção e ritmo. Tive o prazer de fazer os 3 volumes, além de conhecer a grande figura do autor, Adamo Prince.
"Nada de tietagem"
Adamo Prince me ensinou tudo de ritmo! Não que eu saiba tudo, mas aprendi muito com ele. Além de professor de primeira, fizemos amizade. Aliás, foram muitos amigos. Não posso esquecer de citar Ricardo Gilly, que me ensinou segredos da editoração musical, já, naquela época, em seu Macintosh. Me lembro que, lá na editora, passavam muitos músicos da época. Eu vi por lá também Antônio Adolfo e Falei ao telefone com Tim Maia certa vez. Tive a felicidade de estar presente na gravação de "domingo no parque", por Ermeto Pascoal e Margaret Menezes. Eu estava lá, incumbido de levar a partitura em "fontes grandes" para o Ermeto. Mas o Almir falou: pode ir, mas "nada de tietagem".
"Inquietude"
Depois dessa fase ou um pouco durante, foi a fase do "bel canto" em minha vida. Aí, veio outra gente. Aline Cabral me ensinou a cantar e respirar nas tardes de sábado, lá pelas bandas da Gávea. Eu ganhei coragem e Juntei uma banda da pesada e fui fazer um disco.
Depois eu conto essa parte.
Ainda tem os festivais...
Até breve !
Janeiro de 2021.